Espetáculo montado em 1981, era totalmente voltado para Brasília, uma cidade que até então, nunca havia se manifestado artisticamente no cenário nacional. A peça fala sobre a sensação de morar na capital federal, uma cidade estranha, com arquitetura diferenciada, e que provoca paixão e solidão em seus habitantes. A partir desse musical, surge a idéia de realizar as montagens com artistas do próprio local, descobrindo assim, novos talentos. Entre eles: o cantor e ator Eduardo Costa, Cássia Eller e Zélia Duncan.
Realizado em 1982 em Belo Horizonte, com elenco local, acabou sendo lançado em disco. Cristal consistia em uma série de quadros diferentes , independentes uns dos outros. Nessa época, começa a trabalhar com o grupo de Oswaldo; Sebastian, o atual garoto-propaganda de uma grande rede de lojas.
Foi escrita em 1982 em BH, durante a temporada de Cristal, para o grupo de dança do "Núcleo Artístico de Belo Horizonte". Em 1983 Oswaldo fez a adaptação para o teatro. Durante um mês, Brasília montou e estreou o espetáculo. Em julho do mesmo ano vai o espetáculo para o Rio. Uma brincadeira leve sobre os 12 signos do zodíaco, é sem dúvida o musical mais alegre e divertido. Trata os signos como se estes fossem tipos humanos, mistura as duas coisas numa relação de desimportância e dependência, ao mesmo tempo que algo é divino, é simples também. A Dança é uma grande festa no palco, calcada em efeitos de sombras. Em parte, isso se deve a falta de recursos financeiros para a montagem do espetáculo na época. Essa peça já foi remontada inúmeras vezes, em diversas cidades (sendo recorde de público por onde passou), atingiu mais de 1 milhão de espectadores, chegou a fazer temporadas em ginásios e ficou mais de 10 anos em cartaz. Ainda hoje são feitas remontagens da peça. Pela Dança, também passaram nomes que hoje são conhecidos do grande público, como Milton Guedes. Assim como Cristal, a peça virou disco.
A primeira versão, em 1984, no Rio, contou com a atuação de Isabela Garcia, chegando a ficar 1 ano em cartaz no Teatro Vannucci.
Participou dessa montagem de Léo e Bia, no papel título, a até então novata Teresa Seiblitz. Em 1998 foi feita uma segunda versão e em 2005 uma terceira.
“Léo e Bia” foi um dos maiores fenômenos de público da década de 80. Em 2005 voltou a cartaz totalmente multimídia.
Conta a história de sete jovens que em Brasília, no auge da ditadura militar, resolvem viver de arte. Era 1973 e o Brasil assistia, então, a repressão se tornar cruel com quem ousasse sonhar.
A mãe de um dos jovens, a Bia, adoece e fica obcecada pela filha, oprimindo-a das formas as mais cruéis. A peça faz um paralelo entre a ditadura militar e a opressão dessa mãe, a aridez cultural de Brasília e a dor da Bia, a ânsia por liberdade do povo brasileiro e a luta daqueles garotos para se livrar daquela repressão.
A nova montagem foi enriquecida com documentários de época, localizando no tempo e na circunstância histórica o momento em que a ficção ocorria.
Um espetáculo que toca temas constantes na vida de jovens de qualquer época e qualquer cidade, com qualquer sonho... Uma história que apaixona jovens e faz adultos relembrarem. Lúdico e seco, cheio de suspense, humor, energia, amizade, paixão, conflito, amor... como a vida.
Totalmente voltado para os tipos humanos, poderia ter se chamado A Dança dos Tipos. Abordava tipos como O Chato, A Dama do Sucesso (mulher obcecada pelo sucesso) , A Bailarina Gorda, O Vampiro Doidão (que odiava sangue e era rejeitado por sua tribo), A Dama do Lugar Comum, Valfrído o Paranóico, entre outros, com suas manias e semelhanças com as pessoas comuns. Foi apresentado no Rio, Niterói e Florianópolis. Também virou disco.
Em 1986, com atores selecionados em testes por todo o país, essa peça foi montada no Rio. No mesmo ano seguiu em excursão pelas principais capitais do país. No elenco, trazia entre outros: Déborah Blando, Adriana Maciel, Milton Guedes e Vanessa Barum. Aldeia dos ventos trata do conflito entre lógica e mágica. O rei (a lógica) de um país morre. A princesa Desirée, entristecida, sai em busca do Reino dos Mortos, tentando encontrar seu amado rei. Encontra um carroceiro (a mágica), e pede que ele a acompanhe nessa busca. Passam, então, pelo País das Bruxas, País das Atrizes, País dos Desajeitados e Felizes, País dos Apressados, dentre outros, em busca do rei. Quando o encontram, Desirée, encantada com a vida do Carroceiro, já não sabe mais o que ama: a lógica ou a mágica. O espetáculo foi gravado em disco, com a participação de grandes nomes da MPB.
Totalmente reescrita, mais uma vez essa peça gera um disco com a trilha original, acrescentada de inéditas, como "A Lista". No elenco atual, além de Oswaldo, Madalena Salles, Andréa Veiga, Paula Mercedez, Sasá Wilkins, Thiago D'Errico, Ridan Pires, Juliana Drummond, Carol Nemetala e Fábio Yoshihara.
Leve e bem-humorado, esse musical retrata a típica relação cordial e sem paixão em confronto com as possibilidades arriscadas e fascinantes que o "novo" oferece. Como no texto original, o Carroceiro conduz a Princesa Desirée a vários países - País dos Vaidosos, dos Tristes, dos Desajeitados e Felizes, dos Apressados... e em cada um deles ela vivencia os seres tipificados em mitos interessantes e identificáveis. Aldeia 98 mantém o estilo dos "contadores de histórias", com a música entrando em função da narrativa, com inspiração medieval e saltimbanca.
Peça escrita em parceria com Raimundo Costa, em 1992, é toda narrada em forma de poesia. Como João sem nome, fala sobre a analogia do "ir embora". Começa com um homem entediado, que tem vontade de mudar sua vida, e sofre a tentativa de sua namorada de não permitir que isso aconteça. Ele não aceita e rompe com tudo. Sai, então, viajando sem destino, sempre guiado pela imagem de uma mulher que aparece em seus sonhos. Essa mulher é Mayã, sobrevivente de uma tribo que voava e morava na Terra há 2000 anos atrás. É uma peça alegórica, desenvolvida em cima de lendas e dessa analogia que existe entre a liberdade e qualquer história que fale sobre voar. A primeira montagem foi no Rio. A segunda, em São Paulo, teve o ator Jofre Soares no papel do ancião que narra a estória.
Escrito e montado em 1991, em São Paulo, foi e é até hoje, o espetáculo de maior sucesso na capital paulista. Praticamente todo ano, é remontado na cidade, formando filas de jovens na entrada do teatro. No palco, uma média de 50 jovens atores, homenageiam os aspectos positivos da noite. É na noite que as pessoas menos competem entre si, menos se deparam com o ridículo, mais se encontram e trocam segredos; é o horário do amor, do sexo, dos mistérios. Em 97, ficou 2 meses em cartaz em São Paulo, trazendo desta vez o musical em CD. Em 98, outras cidades como Brasília, começam a receber Noturno.
É a história de 3 meninas que vão para o Rio tentar a carreira de modelo. Uma delas começa a namorar um traficante sem saber, vindo a descobrir mais tarde... tem também um professor de canto engraçadíssimo, a dona da agência de modelos lésbica e o narrador participando ativamente da história. A essência do musical é "que não existe volta", ou seja, você escolhe um caminho e depois que entra nele, não tem mais volta.
"Ilha não é só um pedaço de terra cercado de água por tudo quanto é lado.
Ilha é qualquer coisa que se desprende de qualquer continente.
Por exemplo: um garoto tímido abandonado pelos amigos no recreio, é ilha. Um velho que esperou a visita dos netos no Natal e não apareceu ninguém, é ilha. Até um cara assoviando leve, bem humorado, numa rua cheia de trânsito e stress é ilha. Tudo na gente que não morreu, cercado por tudo o que já está morto, é ilha. Toda ilha é verde. Uma folha caindo é ilha cercada de vento por tudo quanto é lado.
Até a lágrima é ilha, deslizando no oceano da cara."
Baseado no programa de televisão homônimo que esteve em cartaz no Canal Brasil durante duas temporadas, o espetáculo percorre, em alta velocidade, montanhas russas de emoção, viajando da extrema alegria à nostalgia hippie, da aguda provocação à depressão da mulher abandonada.
O espetáculo foge da ópera e dribla a opereta, encarnando o narrador no aspecto circense, o menestrel contador de histórias da Idade Média, nas infinitas formas de comunicação que os trovadores estabelecem com o público, utilizando desde percussão no chão, a subir em paredes, ao recurso de sombras, instrumentos musicais, percussão no corpo, latas, ou seja, os mais variados, dos simples aos sofisticados, recursos para se contar uma história.
Mulungo, em um dos dialetos africanos, significa amigo, companheiro do mesmo barco. Refere-se aos africanos que, arrancados de suas terras, eram jogados em barcos que os levavam a destinos desconhecidos e, assim, por força das circunstâncias tornavam-se companheiros, irmãos.
E Mulungo encaixa-se perfeitamente à nossa Companhia. Não pela dor de nossos ancestrais (longe disso!), mas por serem doze jovens artistas que até bem pouco tempo não se conheciam, mas hoje, juntos, estão “no mesmo barco”.
Há tempos Oswaldo e eu sonhávamos retornar aos musicais. Depois de testes, escolhas, ajeitamentos, saídas e entradas de integrantes, chegamos a esses doze jovens – de Minas, da Bahia, de Tocantins, do Rio Grande do Sul, do Rio. Diversidade rica. E fértil.
Oswaldo convidou Mello Menezes a realizar a parte gráfica e visual do espetáculo. Mello veio conhecer do que se tratava. “Oswaldo, esse espetáculo é tão brasileiro! Eu estou preparando quadros para uma exposição chamada Filhos do Brasil. Acho que tem tudo a ver com teu espetáculo. Que tal você por o mesmo título, Filhos do Brasil, em sua peça, e nós fazermos tua peça junto com minha exposição?” Claro! Estava formada ali uma parceria “mulunga” com este genial e reconhecido artista plástico colorindo ainda mais nosso sonho.
Filhos do Brasil é resultado de muito trabalho e pesquisa. Sob a batuta de Oswaldo, esses jovens artistas brincam de fazer a coisa séria, brincam de trabalhar. Ele queria que o elenco participasse de alguma forma da criação do espetáculo. Pediu que pesquisassem músicas e textos populares de qualquer região do Brasil. Pediu que compusessem sobre temas que lhes apresentava. Depois compôs canções, textos e cenas, juntou algumas músicas antigas suas e criou o espetáculo, que resultou numa linda apologia à cultura brasileira.
Um espetáculo cheio de cor e magia, que percorre do trabalhador rural ao hip hop paulista, da festa junina ao funk carioca, da pureza das meninas do interior à mulher do pescador que espera ansiosa o retorno de seu homem, do matuto ao político esperto. Tudo com muito humor, graça, delicadeza e muita sensibilidade.
No elenco há cantores-bailarinos-atores. Este cd e esse espetáculo são deles. Brincaram no estúdio, da mesma forma que brincam no palco. Um CD novo e autêntico, de gente nova e autêntica. Afinado. Com vozes variadas. Arranjos e interpretações impecáveis. Brasileiro. Filhos do Brasil é muito bom de ouvir. Tanto quanto é muito bom de ver.
- Madalena Salles