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Oswaldo Montenegro

Ficha Técnica:

Artista: Oswaldo Montenegro

Álbum: Música Para Cinema

Compositor: Oswaldo Montenegro

Músicas Para Cinema

A Lista

Faça uma lista de grandes amigos

Quem você mais via há dez anos atrás?

Quantos você ainda vê todo dia?

Quantos você já não encontra mais?

 

Faça uma lista dos sonhos que tinha

Quantos você desistiu de sonhar?

Quantos amores jurados pra sempre?

Quantos você conseguiu preservar?

 

Onde você ainda se reconhece

Na foto passada ou no espelho de agora?

Hoje é do jeito que achou que seria?

Quantos amigos você jogou fora?

 

Quantos mistérios que você sondava

Quantos você conseguiu entender?

Quantos segredos que você guardava

Hoje são bobos ninguém quer saber?

 

Quantas mentiras você condenava?

Quantas você teve que cometer?

Quantos defeitos sanados com o tempo

Eram o melhor que havia em você?

 

Quantas canções que você não cantava

Hoje assobia pra sobreviver?

Quantas pessoas que você amava

Hoje acredita que amam você?

 

 

A Lógica da Criação

O mérito é todo dos santos,

o erro e o pecado são meus

Mas onde está nossa vontade,

se tudo é vontade de Deus?

Apenas não sei ler direito

a lógica da Criação

O que vem depois do infinito

e antes da tal explosão?

Por que que o tal ser humano

já nasce sabendo do fim?

E a morte transforma em engano

as flores do seu jardim?

Por que que Deus cria um filho

que morre antes do pai?

E não pega em seu braço amoroso

o corpo daquele que cai?

Se o sexo é tão proibido,

por que Ele criou a paixão?

Se é Ele que cria o destino,

eu não entendi a equação

Se Deus criou o desejo,

por que que é pecado o prazer?

Nos pôs mil palavras na boca,

mas que é proibido dizer

(Ora pro Nobis, Ora pro Nobis)

Porque, se existe outra vida,

não mostra pra gente de vez?

Por que que nos deixa nos escuro,

se a luz Ele mesmo que fez?

Por que me fez tão errado,

se d'Ele vem a perfeição?

Sabendo, ali quieto, calado,

que eu ia criar confusão

E a mim, que sou tão descuidado,

não resta mais nada a fazer

Apenas dizer que não entendo

Meu Deus, como eu amo você

Amores

Cada alegria desfaz algum nó

Não é preciso entender as paixões

Cada manhã vai te encontrar

Mesmo sem você querer

Mesmo se o sono durar

Sim, cabe ao amor te aliviar

Do que te cansa

Sai, dança no sol, solta tua voz

Que a luz te alcança

Dança! Dança!

Que o mundo vai te esquecer

Que o mundo não vai lembrar

Dança, dança

Cada surpresa desfaz o que for

Não é preciso guardar as canções

Cada intenção muda com a dor

Cada alegria é uma voz

Que alguém vai ter que escutar

Sim, tudo é em vão, nada é em vão

Então descansa

Sim, nada demais, tudo se faz

Vira lembrança

Dança! Dança!

Que o mundo vai te esquecer

Que o mundo não vai lembrar

Dança, dança, dança

 

 

Solidões

A Solidão é uma cidade abandonada

É uma carroça numa estrada que vai dar na Escuridão

É a feiura da mulher toda arrumada

Passeando na calçada sem ninguém dar atenção

A Solidão é como um pássaro ferido

Que voou, mas está perdido, sem saber a direção

É como mão sem outra mão para bater palma

Como um Deus que perde a calma, se ninguém pedir perdão

A Solidão é como um nome que se esquece

Como um homem que envelhece, sem viver o que sonhou

É como um trânsito em plena madrugada

É o poeta na calçada que ninguém nunca escutou

A Solidão é uma atriz sem a plateia

É abelha sem colmeia, é barco à vela no sertão

É a promessa do político sem ética

É a conta aritmética em que o zero é a solução

A Solidão é uma bola sem chuteira

É a vizinha fofoqueira, sem vizinhos no portão

A Solidão é o rebolado da mulata

Quando a festa já está chata e ninguém quer mais sambar, não

A Solidão e quando o Tempo vai embora

Quando a gente perde a hora, e o compasso da canção

A Solidão e quando o filme fica bobo

Quando a gente perde jogo, por que alguém fez 'gol de mão'

Por Descuido ou Displicência

E quando a saudade dela for te afligir

Aparece

Quando quiser o seu corpo, mas o meu servir

Aparece

Quando me chamar de Bia eu finjo não ouvir

Aparece

Por descuido ou displicência

Para amar em mim aquela que eu não posso ser

É que pra Bia sonhadora

O mundo era azul por beleza

Tudo o que acontece, se acontece, era pra ser

Com certeza

É que pra Bia sonhadora o mundo era um balão

Que voava num universo caipira

Nas festas de São João, que Deus da todo mês

Se Puder Sem Medo

Deixa em cima desta mesa a foto que eu gostava

Pr'eu pensar que o teu sorriso envelheceu comigo

Deixa eu ter a tua mão mais uma vez na minha

Pra que eu fotografe assim meu verdadeiro abrigo

Deixa a luz do quarto acesa a porta entreaberta

O lençol amarrotado mesmo que vazio

Deixa a toalha na mesa e a comida pronta

Só na minha voz não mexa, eu mesmo silencio

Deixa o coração falar o que eu calei um dia

Deixa a casa sem barulho achando que ainda é cedo

Deixa o nosso amor morrer sem graça e sem poesia

Deixa tudo como está e, se puder, sem medo

Deixa tudo que lembrar, eu finjo que esqueço

Deixa e quando não voltar, eu finjo que não importa

Deixa eu ver se me recordo uma frase de efeito

Pra dizer te vendo ir, fechando atrás da porta

Deixa o que não for urgente, que eu ainda preciso

Deixa o meu olhar doente pousado na mesa

Deixa ali teu endereço, qualquer coisa, aviso

Deixa o que fingiu levar, mas deixou de surpresa

Deixa eu chorar como nunca fui capaz contigo

Deixa eu enfrentar a insônia como gente grande

Deixa ao menos uma vez eu fingir que consigo

Se o adeus demora, a dor no coração se expande

Deixa o disco na vitrola pr'eu pensar que é festa

Deixa a gaveta trancada pr'eu não ver tua ausência

Deixa a minha insanidade, é tudo que me resta

Deixa eu por à prova toda minha resistência

Deixa eu confessar meu medo do claro e do escuro

Deixa eu contar que era farsa minha voz tranqüila

Deixa pendurada a calça de brim desbotado

Que como esse nosso amor, ao menor vento oscila

Deixa eu sonhar que você não tem nenhuma pressa

Deixa um último recado na casa vizinha

Deixa de sofisma e vamos ao que interessa

Deixa a dor que eu lhe causei, agora é toda minha

Deixa tudo que eu não disse mas você sabia

Deixa o que você calou e eu tanto precisava

Deixa o que era inexistente e eu pensei que havia

Deixa tudo o que eu pedia mas pensei que dava

Fruta Orvalhada

Eh, morena, ta faltando essa areia molhada

E o cheiro de sal madrugando na boca da gente

E o sono na rede embalando teu corpo

E a roseira fazendo das suas

Nascendo uma rosa na lua e o luar no jardim

Abacaxi ta faltando e limão, tangerina

No gosto da boca e a rima fluindo da noite

E o cabelo cheirando a jasmim

De manhã manga rosa parece molhada

Teu corpo é fruta orvalhada

Que a terra preparou pra mim.

 

 

Léo e Bia

No centro de um planalto vazio

Como se fosse em qualquer lugar

Como se a vida fosse um perigo

Como se houvesse faca no ar

 

Como se fosse urgente e preciso

Como é preciso desabafar

Qualquer maneira de amar varia

E Léo e Bia souberam amar

 

Como se não fosse tão longe

Brasília de Belém do Pará

Como castelos nascem dos sonhos

Pra no real, achar seu lugar

 

Como se faz com todo cuidado

A pipa que precisa voar

Cuidar de amor exige mestria

E Léo e Bia souberam amar

Entre uma Balada e um Blues

Quando os bichos dançam com as fadas

Entre uma balada e um blues

A paixão cai da madrugada

Lá do céu escorrem azuis

Pingam luas, gotas aladas

Entre uma balada e um blues

No repouso das cavalgadas

Quando a noite abranda essa luz

O calor das mãos apertadas

Reconforta a mão que conduz

O amor dos contos de fada

 

 

Canção da Rameira (Louca)

Clareira de capim queimado

Cheiro de coisa que ardeu

Resto de suor unido

Corpos abraçando o chão

Louca me mordendo a carne

Me trincando os dentes

Me roendo as forças

Me fazendo escravo

Do que eu mais possuo

O sol castigando

E eu desesperado

Te peço desculpas

Pelo corpo sujo

Pela mão barrenta

Com que te rasquei

Ao Nosso Filho, Morena

Se hoje tua mão não tem manga ou goiaba

Se a nossa pelada se foi com o dia

Te peço desculpas, me abraça meu filho

Perdoa essa melancolia

 

Se hoje você não estranha a crueza

dos lagos sem peixe, da rua vazia

Te olho sem jeito, me abraça meu filho

Não sei se eu tentei tanto quanto eu podia

 

Se hoje teus olhos vislumbram com medo

Você já não vê e eu juro que havia

Te afago o cabelo, me abraça meu filho

Perdoa essa minha agonia

 

Se deixo você no absurdo planeta

Sem pique bandeira e pelada vadia

Fujo do teu olho, me abraça meu filho

Não sei seu eu tentei

Mas, você merecia.

Amor Medieval (Elas Se Amavam)

Elas se amavam e achavam que o mal

Tava no fundo de um rio

Não se tocavam e achavam normal

Deixar seus corpos com frio

Mas exalavam o cheiro fatal

De todo corpo vazio

E era um amor assim medieval

Claro, num porão sombrio

Coisas de Brasília

Era frio e era claro

Como a seca de Brasília

Eu já não sei se amava ou sonhava

Isso eu sei

Você era mais loura no meu sonho

Que em meu olho, eu sei

Meu olho era escuro

Pro teu sonho iluminar, eu sei

Era reto e projetado

Como as linhas de Brasília

Não diga o que eu já sei

Eu penso que é mentira, eu sei

A nossa solidão é a do planeta

É quase a mesma, eu sei

Atenda o telefone, ouça meu disco

Ou saia pra jantar, eu sei

Minha canção era loucura

Como a alma de Brasília

Contorna, adoça, põe na boca o fel

Da louca ilha, eu sei

E é quase branca a minha angústia

Eu não te amo porque amei

E quando te encontrar

Vou perguntar o que valeu

 

 

Fado Doido

Era loucura

Como é louco tudo o que eu fiz

Agora, seu eu sou feliz

Ai! Agora quem me diz?

Era loucura

E agora quem me diz

Se um dia eu vou

Se agora um dia eu fui feliz

Ai! E agora quem me diz?

Oh! Linda pássara na madrugada

É como se eu não percebesse nada

Liga não, é coisa de cantor

É como a chuva doida na floresta

É como a festa vir depois da festa

É como o gozo vir depois do amor

Ai! E agora quem me diz?