
Direção Musical e Arranjos: Oswaldo Montenegro
Pianos e Prog. de Teclados: Léo Brandão
Guitarras: Leonardo Garcia
Baixo: Fábio Ferreira
Violões e Teclados: Oswaldo Montenegro
Flautas: Madalena Salles
Sax e Gaita: Milton Guedes
Coro: Oswaldo Montenegro, Nelson Vianna, Mércia Maruk, Izabela Soares, Mariana Werebe, Midian Almeida, Giana Cervi, Rodrigo Vechi, Daiana D'Ávila
Técnico de Estúdio: Renato Pimentel
Mixagem: Léo Brandão e Renato Pimentel
Prog. Visual: Rafael Greyck
Prod. Executiva: Newton Montenegro
Prod. Artísticas: Oswaldo Montenegro
Verde, verde, folha desabada
Doida cor sem ter qualquer razão de ser
Mágica das coisas, das verdes coisas
Dos olhos verdes de quem vê
Hortelã dos chás, dos beijos verdes
Doida flor sem ter qualquer razão de ser
Lógica das coisas, das novas coisas
Dos olhos verdes de quem vê
Doce maçã da saúde e água
Doido amor sem ter qualquer razão de ser
Ávida das moças, das novas moças
Dos olhos verdes de quem vê
Ilha não é só um pedaço de terra cercado de água por tudo quanto é lado. Ilha é qualquer coisa que se desprendeu de qualquer continente. Por exemplo: um garoto tímido, abandonado pelos amigos no recreio, é uma ilha. Um velho que esperou a visita dos netos no Natal e não apareceu ninguém, é uma ilha. Até um cara assoviando leve, bem humorado, numa rua cheia de trânsito e stress, é uma ilha. Tudo na gente que não morreu, cercado por tudo o que mataram, é uma ilha. Toda ilha é verde. Uma folha caindo é ilha cercada de vento por tudo quanto é lado. Até a lágrima é ilha, deslizando no oceano da cara.
Como rã saltando é folha verde
Doido acordo tem qualquer razão de ser
Plástica dos olhos, dos verdes olhos
Dos olhos verdes de quem vê
Lavadeira que já se benzeu
Lavadeira e seus orixás
Pé descalço, ri meio sem jeito
E diz que a vida é dura
Mas dá pra levar
Lavadeira diz que já sonhou
Com o conforto que o dinheiro dá
Mas sorri vendo seu filho forte
E diz que o que não teve
Ele vai conquistar
Eh lavadeira, passo lento
Pé descalço, volta a seu lugar
Maria tem fogo na mente
Seu corpo na espera que o dia não passe
Que a noite não venha, pois dorme sozinha
Encolhe seu corpo de encontro à parede
O gosto salgado de quem já chorou
Lhe rola na face, lhe causa agonia
E por ironia lhe chamam Maria
Maria que até já foi nome da mãe do Senhor
Agora é sem nome
É mãe, seu doutor, mas nem sabe de quem
Só sabe que um dia foi linda Maria
Maria de festa, de noite, de dança
De rosto rosado e vestido bonito
Maria prendada que agora é perdida
Maria que chamam de louca
Virou brincadeira da turma da rua
Soltou gargalhada deitou na calçada
Deu grito infinito gemido profundo
De tão contraído seu rosto se abriu
E se encheu de ternura, pois é quem diria?
Da louca Maria restou a poesia
Da moça Maria restou a mulher, Maria
Lendas são para se contar
As cores do dia são lendas
Fantasias como lençóis
Que nos teus sonhos desvendas
Lendas são para se contar
Sem ter medo nem pressa
Como o vento constrói no ar
Aquilo que lhe interessa
Era tão cedo era
Tão cedo sempre era
Meninos como leões
Era só porque era
Não porque a gente quis ser
O olho do mundo
Era a idade era
A gente via era
O tempo certo era então
Na moça o braço era
Tudo o que a gente quis ser O olho do mundo
De madrugada o barco some do cais da neblina
Oh, meu amor, se lembre da gente sem mágoa
Sem águas do passado, umedecendo a crina
Dos alazões futuros ainda não amansados
Outras paixões encharcam o olho, mas minha retina
Conserva o lago onde você deságua
Eu descobri que uma paixão termina
Se a gente quiser saber quando acaba
Oh, meu amor, quando é que o amor termina?
Aguardem!
Êh, beira de rio Paço do Rosário se avista ao longe
As ruas tortas vão se desenhando pelo arraial
Êh, beira de rio Paço do Rosário limitando a agreste
Sua janela, sua velha doca de barrica e pau
Êh, água barrenta rolando sem pressa consumindo a terra
O pôr-do-sol avermelhando o Paço do Rosário
Êh, na velha igreja já são seis da tarde
O povo reza o terço Ave Maria, Mãe do Céu, cruz credo!
Quem me mata é Deus...
Êh, murmúrio lento, como prece aflita, vai descendo o rio
Acompanhando o dia que se vai buscando o anoitecer
E anoitecendo, Paço do Rosário quase silencia
A velha estátua caída na praça, mais um dia
Êh, velha rameira deixa a vela acesa por Virgem Maria
Ave Maria, Mãe do Céu, cruz credo!
Quem me mata é Deus...
Aguardem!
Compre aqui bom e barato
Vendo coisas de valor
Meu produto é sua festa
Pague um riso adiantado
Dou-lhe um beijo se é bonita
Até vendo a prestação
Dou de graça uma risada
Teu sorriso é meu sustento
Domingo é dia de festa
A feira já começou
A morte eu vendo à vista, moço
A vida à prestação
Meu preço é justo e correto
Minha medida é de lei
Só não lhe vendo esperança, moço
Pois isso ninguém mais tem
Era um sujeito estranho
Na barba, nos olhos, no rosto de sal e mais
Era um sujeito como se fosse possível
Chover sem molhar e mais
Era como se um índio pudesse tentar
Ser como ele era e mais
Era um menino estranho, um homem tamanho
Sabia pegar e mais
Era como se a força
Como se um redemoinho puxasse mais e mais
Era como se a lua que eu trago nos dedos
Nos puxasse mais e mais
Era como se não tivesse sido jamais
Tudo que eu pensei saber ainda é mistério
Qual é a relação de Crato lá com New Orleans?
A chave do amor é uma risada ou é um jeito sério?
É singular o fecho todo ou já são vários fins?
É sempre o mesmo Deus ou troca como um Ministério?
O ciclo começa por onde: noite ou manhã?
O barco do destino é uma prisão ou é um grande império?
Mas Deus frequenta a arquibancada do Maracanã
Chamava-se "Maqui, o Andarilho"
E um dia me contou
Numa estrada da Ilha
Como Merlim era doido
Urrava desvarios e impropérios pelas florestas e campos (celtas ou bretões, não lembro).
Tornou-se "O Mago"por dizer o que era proibido
Era este o seu poder
Adrivera, adrivera
Adrivera, adrivera
Pan a eh
Adrivera, adrivera
Pan a eh
Pedra ralada e seca
Rolando morro abaixo remoendo a mesma canção
Pedra ralada e seca
Rolando morro abaixo remoendo a mesma canção
Rola pedra dura
Corre morro abaixo
Pega essa pedra maluca
Que só quer correr
Revirando, rebatendo
Rebolando, remexendo
Como toda bailarina Ela sonhava com mil saltos mortais
Os dedos do destino a desenharam
Gorda demais.
Cada bola de sorvete é tanta culpa
Era remorso demais
E o mais lindo vestido está guardado
Gorda demais
Cada salto ou pirueta era um desastre
Eram risadas gerais
E os olhos do menino que ela amava
Amavam magras demais
Cada abraço, um arrepio
Ai, por um fio ele me apalpa por trás
E sente a carne mole, frouxa
A coxa gorda demais
Leve como nada Solto como a vida Vai, vem
Deixa-se vagar por entre nuvens Vento nos cabelos
Sai sem hora pra voltar ao arco-íris Onde tecerá
Seu sonho eterno onde vai surgir paz
Vinda da manhã Que trouxe o dia, derradeiro dia Que vai nos amanhecer
Aguardem!
Aguardem!
Aguardem!
Aguardem!