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Oswaldo Montenegro

Ficha Técnica:
Dir. Geral: Roberto de Oliveira/André Wainer
Gravado e Mixado por Henrique Vilhena
Gravado em SP, no Citybank Hall - ABR/2009 
 
 
Oswaldo Montenegro: voz, guitarra e piano

Madalena Salles: flauta e teclado
Alexandre Meu Rei: guitarras
Caíque Vandera: teclado
Pedro Mamede: bateria

Luciano Leal: baixo  

 

 

 

 

 

CD Quebra Cabeça Elétrico (2009)

Agalopado (Alceu Valença)

 Quando eu canto o seu coração se abala

Pois eu sou porta-voz da incoerência
Desprezando seu gesto de clemência
Sei que meu pensamento lhe atrapalha
Certo o sol seu cavalo de batalha
E faço a lua brilhar no meio-dia
Tempestade eu transformo em calmaria
E dou um beijo no fio da navalha
Pra dançar e cair nas suas garras
Gargalhando e sorrindo de agonia
Mas se acaso eu chorar não se espante
O meu riso e o meu choro não têm planos
Eu canto a dor, o amor, o desengano
A tristeza infinita dos amantes
Dom Quixote liberto de Cervantes
Descobri que os moinhos são reais
Entre feras, corujas e chacais
Viro pedra no meio do caminho
Viro rosa, vereda de espinhos
Incendeio esses tempos glaciais 

Não Diga Num Blues (Zé Alexandre e Mongol)

Não diga num blues
Que a terra é redonda e o mundo pode rodar
Não diga num blues
Que a chuva molha e que o fogo pode queimar
Não venha dizer num blues
Que a aura é branca e a alma é negra, pode parar!
 
Não diga num blues
Que a fruta quase podre um dia vai melhorar
Só diga num blues
Que eu canto e canto só pelo prazer de cantar
A vida sopra num blues
Aquilo que o blues na vida deixa soprar

Blues não é privilégio de quem já sofreu
Hoje sofrer não é mais privilégio de ninguém
Não tente entender a lógica do blues
O blues é a negação da lógica que o blues não tem
A lógica que o blues não tem, a lógica que o blues não tem

Não diga, não diga, não diga num blues 

Na Primeira Manhã (Alceu Valença)

 Na primeira manhã que te perdi

Acordei mais cansado que sozinho
Como um conde falando aos passarinhos
Como um bumba-meu-boi sem capitão
E gemi como geme o arvoredo
Como a brisa descendo da colina
Como quem perde o prumo e desatina
Como um boi no meio da multidão
Solidão
 
Na segunda manhã que te perdi
Era tarde demais pra ser sozinho
Cruzei ruas, estradas e caminhos
Como um carro correndo em contramão
Pelo canto da boca num sussurro
Fiz um canto demente, absurdo
O lamento noturno dos viúvos
Como um gato gemendo no porão
Solidão

A Palo Seco (Belchior)

 Se você vier me perguntar por onde andei

No tempo em que você sonhava
De olhos abertos lhe direi
Amigo eu me desesperava
Sei que assim falando pensas
Esse desespero é moda em 76
Eu ando um pouco descontente
Desesperadamente eu grito em português
Ando um pouco descontente
Desesperadamente eu grito em português
Tenho vinte e cinco anos
De sonho e de sangue
E de América do Sul
Por força desse destino
Um tango argentino
Me cai bem melhor que um blues
Sei que assim falando pensas
Esse desespero é moda em 76
Eu quero é que esse canto torto feito faca
Corte a carne de vocês
 

A Moça e o Povo (Alceu Valença) – vinheta

Havia a moça na tarde
De besta, me comovia
Tão linda com seu cachorro
E a noite mordia o dia
E a violenta Ipanema
Atropelando o poema
Que nunca mais eu faria
Ai, a solidão das capitais
É um não vou, não vens, não vais
Ela me olhava e não me via

    

Muito Romântico (Caetano Veloso)

Não tenho nada com isso, nem vem falar
Eu não consigo entender sua lógica
Minha palavra cantada pode espantar
E a seus ouvidos parecer exótica
Mas acontece que eu não posso me deixar
Levar por um papo que já não deu
Acho que nada ficou pra guardar ou lembrar
Do muito ou pouco que houve entre você e eu


Nenhuma força virá me fazer calar
Faço no tempo soar minha sílaba
Canto somente o que pede pra se cantar
Sou o que soa, eu não douro a pílula
Tudo o que eu quero é um acorde perfeito maior
Com todo o mundo podendo brilhar num cântico
Canto somente o que não pode mais se calar
Noutras palavras, sou muito romântico

 

Vapor Barato (Wally Salomão e Jards Macalé)

Oh, sim, eu estou tão cansado
Mas não pra dizer
Que eu não acredito mais em você
Com minhas calças vermelhas
Meu casaco de general
Cheio de aneis
Vou descendo por todas as ruas
E vou tomar aquele velho navio
Eu não preciso de muito dinheiro
E não me importa,
Oh, minha honey baby, baby
Honey baby
Oh, minha honey baby, baby


Oh, sim, eu estou tão cansado
Mas não pra dizer
Que eu tô indo embora
Talvez eu volte
Um dia eu volto, quem sabe?
Mas eu preciso esquecê-la, eu preciso
Oh, minha grande
Oh, minha pequena
Oh, minha grande obsessão
Oh, minha honey baby, honey baby
Honey baby, baby

 

Sinal Fechado (Paulinho da Viola)

Olá como vai?
Eu vou indo, e você, tudo bem?
Tudo bem, eu vou indo, correndo pegar meu lugar no futuro, e você?
Tudo bem, eu vou indo em busca ee um sono tranquilo, quem sabe?
Quanto tempo!
Pois é, quanto tempo!

Me perdoe a pressa, é a alma dos nossos negócios
Oh! Não tem de que. Eu também só ando a cem
Quando é que você telefona? Precisamos nos ver por aí
Pra semana, prometo, talvez nos vejamos... Quem sabe?
Quanto tempo!
Pois é, quanto tempo!

Tanta coisa que eu tinha a dizer, mas eu sumi na poeira das ruas
Eu também tenho algo a dizer, mas me foge à lembrança
Por favor, telefone, eu preciso beber alguma coisa rapidamente
Pra semana...
O sinal...
...eu procuro você
...vai abrir, vai abrir
Prometo, não esqueço
Por favor, não esqueça,
Adeus, adeus...
Adeus, adeus... 

    

Deus Lhe Pague (Chico Buarque de Holanda)

Por esse pão pra comer, por esse chão pra dormir
A certidão pra nascer e a concessão pra sorrir
Por me deixar respirar, por me deixar existir
Deus lhe pague
 
Pelo prazer de chorar e pelo "estamos aí"
Pela piada no bar e o futebol pra aplaudir
Um crime pra comentar e um samba pra distrair
Deus lhe pague
 
Por essa praia, essa saia, pelas mulheres daqui
O amor mal feito depressa, fazer a barba e partir
Pelo domingo que é lindo, novela, missa e gibi
Deus lhe pague
 
Pela cachaça de graça que a gente tem que engolir
Pela fumaça, desgraça, que a gente tem que tossir
Pelos andaimes, pingentes, que a gente tem que cair
Deus lhe pague
 
Por mais um dia, agonia, pra suportar e assistir
Pelo rangido dos dentes, pela cidade a zunir
E pelo grito demente que nos ajuda a fugir
Deus lhe pague
 
Pela mulher carpideira pra nos louvar e cuspir
E pelas moscas-bicheiras a nos beijar e cobrir
E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir
Deus lhe pague

    

Canalha (Walter Franco)

É uma dor canalha
Que te dilacera
É um grito que se espalha
Também pudera
Não tarda nem falha
Apenas te espera
Num campo de batalha
É um grito que se espalha
É uma dor
Canalha

    

Quebra-Cabeça (Paulinho Soares e Marcello Silva)

Faça o jogo da memória
Contando toda sua história
Todos querem ouvir
Você tem muito a dizer
É importante crer
No que você sonhou um dia
Não importa quando
E não importa mesmo
Como você descobriu
Que o mundo é somente
Um quebra cabeça
Quebra cabeça, quebra cabeça

Siga, continue rindo
Seu mundo lindo construindo
Não se desespere
Existe um mundo coerente
Que você pressente
No riso puro da criança
No beijo do amante
E na procura incessante
Da verdade sua
E que ninguém lhe roubará
Não esmoreça
Não esmoreça, não 
Quebra cabeça, quebra cabeça  

    

A Lista (Oswaldo Montenegro)

 Faça uma lista de grandes amigos 

Quem você mais via há dez anos atrás? 
Quantos você ainda vê todo dia? 
Quantos você já não encontra mais? 

Faça uma lista dos sonhos que tinha 
Quantos você desistiu de sonhar? 
Quantos amores jurados pra sempre? 
Quantos você conseguiu preservar?
 
Onde você ainda se reconhece 
Na foto passada ou no espelho de agora? 
Hoje é do jeito que achou que seria? 
Quantos amigos você jogou fora?
 
Quantos mistérios que você sondava 
Quantos você conseguiu entender?
Quantos segredos que você guardava 
Hoje são bobos, ninguém quer saber?
 
Quantas mentiras você condenava? 
Quantas você teve que cometer? 
Quantos defeitos sanados com o tempo 
Eram o melhor que havia em você?
 
Quantas canções que você não cantava 
Hoje assovia pra sobreviver? 
Quantas pessoas que você amava 
Hoje acredita que amam você?

Bandolins (Oswaldo Montenegro)

Como fosse um par
Que nessa valsa triste
Se desenvolvesse ao som dos bandolins
E como não?
E por que não dizer
Que o mundo respirava mais
Se ela apertava assim seu colo?
E como se não fosse um tempo
Em que já fosse impróprio se dançar assim
Ela teimou e enfrentou o mundo
Se rodopiando ao som dos bandolins

 

Como fosse um lar
Seu corpo a valsa triste iluminava
E a noite caminhava assim
E como um par
O vento e a madrugada
Iluminavam a fada do meu botequim
Valsando como valsa uma criança
Que entra na roda
A noite tá no fim
Ela valsando só na madrugada
Se julgando amada ao som dos bandolins